Um novo estudo revelou a rica biodiversidade e a importância ecológica do Estuário dos Bons Sinais, no centro de Moçambique. Investigadores da Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras da Universidade Eduardo Mondlane e da Universidade do Algarve identificaram 102 espécies de peixes pertencentes a 51 famílias, tornando o estuário um habitat fundamental para espécies marinhas, estuarinas e de água doce — incluindo várias ameaçadas.
O estudo, realizado ao longo de 12 meses, mostrou que as espécies de origem marinha dominam as zonas inferior e média do estuário, enquanto as espécies de água doce predominam a montante. As variações sazonais e espaciais foram moldadas principalmente pela salinidade e pelas características do habitat. A zona média destacou-se por apresentar maior riqueza e abundância de espécies.
Com cerca de 3,5% da captura total composta por espécies ameaçadas, como Oreochromis mossambicus, os autores alertam para a necessidade urgente de medidas de conservação. A sobrepesca, a poluição e a degradação dos mangais foram apontadas como ameaças graves a este ecossistema vital. A pesquisa fornece dados essenciais para a gestão sustentável das pescas e a proteção da biodiversidade nos estuários moçambicanos.
“Para proteger a integridade ecológica do Estuário dos Bons Sinais, recomendamos a regulamentação urgente das práticas de pesca, a restauração dos habitats de mangal e o monitoramento contínuo das condições ambientais. Estas medidas são cruciais para garantir a sustentabilidade dos recursos pesqueiros que sustentam os meios de vida locais”, afirmou o Dr. Jeremias J. Mocuba, autor principal do estudo.
Referência: Mocuba et al. (2025), Regional Studies in Marine Science, https://doi.org/10.1016/j.rsma.2025.104344 .
